terça-feira, 2 de novembro de 2010

+ Londres...nos filmes

Um pouco sem querer, um pouco propositalmente (como eu já disse neste blog, nada como os filmes sobre um lugar que se visitou há pouco), assisti a mais dois filmes sobre a Inglaterra, os dois muuuito bons: A Jovem Rainha Vitória e Robin Hood. Ambos totalmente diferentes, mas extremamente bem feitos, bem cuidados e tratando de temas que gosto de ver em filmes.


A Jovem Rainha Vitória trouxe pra mim uma rainha Vitória totalmente diferente da que eu me lembrava de ter estudado um pouco na infância e daquela que ainda se ouve falar: a pudica repressora que, na verdade, fumava maconha transando com o jardineiro... fato é que nem essa nem a história do filme são 100% verdadeiras...a História é contada e recontada o tempo todo de acordo com as circunstâncias, o momento histórico, político, enfim...mas e daí? uma história boa é sempre boa, e bem contada é ótima!
Este filme também trouxe um lado muito romântico da vida dela com o princípe Albert que eu jamais imaginaria ali no Kensington Gardens olhando para o Albert Memorial (o qual, diga-se de passagem, achei mesmo muito lindo). Aliás, o que a História conta é que foi realmente um dos pouquíssimos casos de casamento por amor na realeza (só na realeza???)

Albert Memorial (detalhe) por Val Ebide, agosto/10


Albert Memorial por Val Ebide, agosto/10

O figurino, como em geral costuma ser nesses filmes, é deslumbrante e mereceu o Oscar que levou. O filme também foi indicado ao Oscar para direção de arte e maquiagem. Interessante como o figurino de Albert está muito igual ao da sua escultura no Albert Memorial. Emily Blunt dá mesmo um show...e com o penteado que sempre aparece na "velha Vitória".
Há uma cena 1000% londrina, ou inglesa. Logo no início da lua-de-mel do casal real, quando saem para um passeio e...chove, não para de chover há dias, e Albert pergunta se "é sempre assim". É, rs, é desesperador...
Bem, a verdade é que o filme não retrata exatamente a Inglaterra, ou Londres ou as transformações históricas da época mas, através de uma personagem histórica, conta um romance enternecedor.


Robin Hood é uma história que já foi contada diversas vezes em filmes de formas mais ou menos diferentes (o primeiro filme é de 1922). Esta versão de 2010, com Russell Crowe fazendo o papel de "Russell Crowe" (o que eu quero dizer é que ao longo do filme, tive às vezes a sensação de assistir ao Gladiador da Idade Média...), é totalmente diferente exceto por um único ponto: Robin Hood é o herói.
Como sempre é uma lenda entremeada com a História oficial inglesa, mas nesta versão o "salvador" Ricardo Coração de Leão é um belo de um ególatra, aliás versão muito mais crível do que a do monarca "fofinho"...João, seu irmão que assume o trono de modo oficial, sem usurpá-lo como aprendemos no colégio, é realmente um opressor abobalhado que quebra a importante promessa que, como nos conta a História, a final teve que cumprir, a de publicar a "carta de direitos dos cidadãos", a famosa (pelo menos para nós, advogados) Magna Carta do Rei João Sem Terra de 1215, a qual, segundo esta versão, teria sido redigida pelo pai de Robin Hood (calma pessoal, não estou contando o filme...e, bem, afinal, todo mundo já sabe mais ou menos como é a história...).
Lady Marion não era objeto de desejo do Rei João, mas do xerife de Sherwood e viúva de Robert Loksley, que nas versões anteriores era o próprio Robin (se não me engano...). De resto está tudo lá: João Pequeno, Frei Tuck, o manejo singular do arco-e-flecha...e até uma certa comicidade como sempre há, não sei o porquê, nos filmes de Robin Hood.
A fotografia e os figurinos são densos, em cinzas. Isso realmente dá um tom bastante distinto daquele de outras versões, como a de Kevin Costner no papel-título, por exemplo. O diretor consegue assim criar a atmosfera de pobreza, exploração e dor daquela época na Inglaterra. Mesmo em Londres. Muito envolvente.
Na minha opinião os "efeitos especiais" estão na medida. O trailer dá a impressão de ser um filme violento, mas acho que as imagens violentas também estão na medida.
Robin Hood é uma história tão interessante que apesar de sabermos seu final há sempre uma expectativa, uma torcida pelo mocinho outside law. Deve ser o nosso instinto profundo de liberdade e justiça...
Independente das questões internas, o filme é sim, realmente imperdível.




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